Preconceito ainda é o maior desafio no combate ao HIV, mostram especialistas no Dia Mundial de Prevenção à Aids

No Dia Mundial de Prevenção à Aids, celebrado em 1º de dezembro, instituições de saúde em todo o país reforçam um alerta que permanece urgente: apesar dos avanços expressivos no tratamento e na prevenção, o preconceito ainda é a maior barreira para o diagnóstico precoce e para a continuidade do cuidado entre pessoas que vivem com HIV.

Segundo especialistas, a desinformação e o estigma seguem afastando milhares de brasileiros dos serviços de saúde, mesmo diante de medicamentos modernos, tratamentos seguros e protocolos cada vez mais eficazes no enfrentamento da infecção.

Avanços no tratamento transformaram a qualidade de vida

O infectologista da Fundação São Francisco Xavier (FSFX), Dr. Pedro Henrique Mendes, destaca que os tratamentos atuais representam uma revolução em relação às décadas anteriores.

“Hoje, uma pessoa que vive com HIV e segue o tratamento corretamente tem praticamente a mesma expectativa de vida da população geral. Desde 2013, o Ministério da Saúde recomenda o tratamento precoce e universal, logo após o diagnóstico, para impedir a evolução da infecção para Aids e preservar a qualidade de vida”, afirma.

Segundo ele, os antirretrovirais modernos apresentam baixa toxicidade, poucos efeitos adversos e permitem supressão viral, garantindo que o indivíduo não desenvolva a doença e não transmita o vírus.

Estigma ainda mata — e afasta pessoas da testagem

Apesar do avanço científico, o preconceito continua sendo o principal inimigo.

“O que mais mata hoje ainda é o preconceito. O medo do julgamento afasta muitas pessoas da testagem e do tratamento, atrasando diagnósticos e comprometendo vidas”, alerta o especialista.

Dr. Pedro reforça que o HIV não define caráter, comportamento ou valor pessoal e que combater o estigma nos serviços de saúde, na sociedade e até entre profissionais é uma urgência permanente.

Testagem é a chave para detectar casos ainda assintomáticos

Grande parte das pessoas infectadas não apresenta sintomas nos primeiros anos, tornando o exame o único meio seguro de detectar o vírus.

A recomendação é que pessoas sexualmente ativas realizem o teste pelo menos uma vez ao ano. Em perfis com maior risco, o intervalo deve ser ainda menor.

O SUS oferece testes rápidos e exames laboratoriais que identificam anticorpos ou fragmentos virais.

Prevenção moderna: PrEP e PEP ampliam proteção

O infectologista também destaca a importância das estratégias de prevenção combinada.

PrEP (Profilaxia Pré-Exposição):
Uso de medicamentos antes da relação sexual, impedindo que o vírus entre nas células. A proteção ultrapassa 95% quando usada corretamente.
Cidades que ampliaram o acesso, como São Paulo, registraram queda superior a 50% nos novos casos.

PEP (Profilaxia Pós-Exposição):
Tratamento de 28 dias iniciado após uma situação de risco. Quanto mais cedo o início, maior a eficácia.

Brasil evoluiu, mas memórias dos anos 80 ainda afetam o imaginário

Embora o país registre redução contínua da mortalidade, reflexo do tratamento gratuito e da política pública consolidada pelo SUS, o número de novos casos cresceu, impulsionado justamente pelo medo da testagem.

Dr. Pedro lembra que o imaginário dos anos 1980 e 1990 ainda influencia a percepção popular:

“Naquela época, o diagnóstico era quase uma sentença de morte. Evoluímos muito na parte científica, mas o preconceito continua afastando as pessoas da testagem e dificultando a adesão ao tratamento”, observa.

Um chamado à empatia, à informação e ao acolhimento

O Dia Mundial de Prevenção à Aids é um convite para olhar a causa sem estigma, promovendo informação, respeito e cuidado humanizado.
Combater o preconceito é garantir que ninguém tenha medo de buscar ajuda — e que ninguém caminhe sozinho.


Fundação São Francisco Xavier

A Fundação São Francisco Xavier (FSFX) é uma entidade filantrópica que atua desde 1969, com cerca de 6.200 colaboradores. Administra:

  • Hospital Márcio Cunha (Ipatinga) – cerca de 70% dos atendimentos pelo SUS
  • Hospital Municipal Carlos Chagas (Itabira) – 100% dos atendimentos pelo SUS

Também gerencia:

  • Usisaúde – operadora com mais de 200 mil beneficiários
  • Centro de Odontologia Integrada – referência nacional em indicadores de saúde bucal
  • Vita – Segurança do Trabalho, Saúde Ocupacional e Meio Ambiente – responsável por mais de 160 mil vidas
  • Colégio São Francisco Xavier – referência educacional, com cerca de 2 mil alunos

A Fundação se destaca pela responsabilidade na gestão, excelência nos atendimentos e compromisso contínuo com a saúde pública, a educação e o cuidado integral.

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