Taxação de Super-Ricos e “Nova Globalização”: Brasil Propõe Mudanças Radicais ao FMI

© José Cruz/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defende a taxação global dos super-ricos como ferramenta crucial para financiar o combate à crise climática e reduzir a desigualdade social. A posição foi expressa em carta apresentada durante a reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, realizada em Washington.

Representado por sua secretária de Assuntos Internacionais, Haddad divulgou um documento que propõe uma reforma tributária internacional progressiva e uma “nova globalização” guiada por critérios socioambientais. O ministério ressalta que o documento sintetiza a visão de que “agora é a hora de os super-ricos pagarem sua parte justa de impostos”.

A carta classifica a desigualdade e a evasão fiscal como falhas estruturais da economia global, representando uma ameaça à estabilidade econômica e à coesão social. O sistema atual é apontado como “inadequado” e responsável pela “concentração de riqueza sem precedentes”.

O documento apresentado em Washington também detalha a política econômica doméstica, focada na consolidação fiscal com justiça social. O governo brasileiro reafirma seu compromisso com uma agenda de tributação progressiva sobre renda e patrimônio, revisão de isenções fiscais ineficientes e integração de metas de sustentabilidade ambiental à política fiscal, através do Plano de Transformação Ecológica.

No campo internacional, o Brasil demonstra preocupação com o avanço de medidas unilaterais e protecionistas, que “alimentam a incerteza e ameaçam o crescimento global”. O país propõe “redobrar os esforços para construir uma nova globalização”, orientada por metas ambientais e inclusão social, com restauração de estruturas previsíveis baseadas em regras multilaterais.

O governo brasileiro defende que o FMI e o Banco Mundial liderem a transição para um sistema econômico mais estável e inclusivo.

A carta também reafirma o “compromisso inabalável” do Banco Central com o controle da inflação, reconhecendo que a taxa de juros ainda se mantém em patamar contracionista. O texto destaca a resiliência da economia brasileira, com crescimento projetado, desemprego e desigualdade em queda e contas externas equilibradas. No campo fiscal, o governo prevê superávit primário de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2026, com elevação gradual até 1,25% em 2029, ano em que projeta estabilizar a dívida pública.

O Brasil também defende reformas estruturais na governança do FMI, incluindo maior representatividade para países em desenvolvimento e a preservação da independência analítica da instituição.

Para Haddad, o fortalecimento do multilateralismo e a justiça tributária são condições indispensáveis para uma economia global “mais verde, estável e inclusiva”.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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