A ex-funcionária pública Madalena Pereira de Sousa, de 68 anos, enfrenta um grave quadro de saúde após uma sequência de atendimentos que, segundo sua família, apresentaram falhas, atrasos e omissões tanto na rede hospitalar quanto no Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) da Prefeitura de Ipatinga. Hoje acamada, com mobilidade limitada e uma ferida extensa em estado delicado, ela depende de cuidados diários e insumos que, conforme denúncia, não estão sendo fornecidos regularmente pelo município.
🔵 Primeiros sintomas e piora repentina
Em 10 de julho, Madalena procurou a UPA de Ipatinga após um mal-estar. Ela recebeu alta no dia seguinte sem exames mais aprofundados, com diagnóstico inicial de trombose. Dias depois, seu estado piorou drasticamente: febre, vômitos, falta de ar e perda dos movimentos do abdômen para baixo.
Segundo sua filha, Ana Laura Pereira de Sousa, de 25 anos, ao retornar à UPA no dia 10 de agosto, Madalena ficou horas em uma maca quebrada, sem medicação adequada, mesmo apresentando sintomas graves. A transferência para uma ala interna só ocorreu após forte insistência e exposição pública do caso.
🔵 59 dias de internação e agravamento de ferida dentro do hospital
Durante 59 dias internada, Madalena desenvolveu uma escara sacral que começou pequena e evoluiu para uma lesão grave. De acordo com a filha:
- houve demora de dias para avaliação especializada;
- materiais inadequados, como esparadrapos, foram utilizados e machucaram a pele;
- tratamentos com óleo de girassol e hidrogel pioraram o quadro;
- não houve cultura ou biópsia da lesão antes da alta, apesar de pedidos da família.
Em 2 de outubro, Madalena recebeu alta já com sinais evidentes de infecção.
🔵 Nova internação e confirmação da infecção
No fim de outubro, Madalena voltou ao Hospital Municipal, onde permaneceu por mais 7 dias. Nessa internação, a infecção da ferida foi finalmente confirmada. Após a alta, o caso passou a ser acompanhado pelo Serviço de Atenção Domiciliar (SAD).
🔵 Falta de insumos compromete o tratamento
No início, o SAD forneceu corretamente os materiais necessários. Porém, em menos de duas semanas, começaram a faltar itens essenciais:
- placas especiais para feridas;
- soro fisiológico suficiente;
- solução de limpeza;
- barreira protetora.
A filha afirma que precisou comprar os insumos com recursos próprios, promover rifas e procurar o Conselho Municipal de Saúde, que conseguiu restabelecer o fornecimento apenas temporariamente.
A recomendação médica atual exige 1,5 placa por dia, mas, segundo a família, o município liberou apenas 1 placa para sete dias, quantidade insuficiente e perigosa para o estado da paciente.
🔵 Responsabilidade familiar e abandono do emprego
Madalena vive com o marido, Manoel Freire dos Passos, de 67 anos. Ele é idoso, mas não possui limitações físicas. Ainda assim, devido à complexidade da rotina de curativos e cuidados, quem assume praticamente tudo é a filha Ana Laura, que precisou abandonar o emprego para cuidar da mãe em tempo integral.
“Eu só quero que minha mãe receba o mínimo de cuidado que qualquer paciente merece. Estou cuidando sozinha, sem condições financeiras, e ainda assim os materiais faltam. Está muito difícil”, relata Ana.
Sem apoio contínuo, a família busca alternativas particulares, como ozonioterapia e câmara hiperbárica, que poderiam ajudar na cicatrização.
🔵 O que diz a Prefeitura
O Portal Agora Vale do Aço questionou o município sobre:
- alta sem exames conclusivos;
- ausência de cultura ou biópsia;
- falhas no fornecimento de insumos;
- condutas recomendadas para lesões extensas;
- garantia de atendimento contínuo pelo SAD.
⚠️ Até o momento, a Prefeitura não enviou resposta.
O espaço permanece aberto.
🔵 Situação atual
Madalena segue acamada, com ferida extensa, dor intensa e risco de agravamento. O tratamento depende de insumos específicos, monitoramento diário e suporte médico que, segundo a família, continuam irregulares.
A filha Ana segue lutando sozinha para garantir dignidade, cuidado e sobrevivência da mãe.