No Dia da Visibilidade Trans, celebrado em 29 de janeiro, Leonora Áquilla, uma voz ativa na defesa dos direitos da comunidade trans, abordou uma das frases que mais gerou polêmica e debates nos últimos tempos: “Jesus é Travesti”. Em um vídeo emocionante e reflexivo, ela explicou o significado por trás dessa afirmação e destacou a importância de compreender a luta das pessoas trans por respeito e dignidade.
Leonora começou sua fala com uma provocação: “Jesus é travesti. Você fatalmente já ouviu essa frase e com certeza deve ter ficado pé da vida, mas é porque você não entendeu o que, na ocasião, as pessoas que proferiram isso queriam dizer”. Ela ressaltou que a intenção nunca foi atacar o cristianismo ou Jesus Cristo, mas sim usar uma metáfora poética para ilustrar o sofrimento e a resistência da comunidade trans.
“O que a gente estava tentando dizer, de uma forma poética, porque isso foi provindo por um cantor, foi: nós somos crucificados e crucificadas todo santo dia, apenas por termos nascido assim”, explicou. Leonora enfatizou que ser trans não é uma escolha, mas uma identidade inata. “Quem é trans nasce sendo trans. E, se nós pudéssemos mudar, fatalmente, nós mudaríamos essa realidade. Porque ninguém, em sã consciência, vai optar por ser jogado na sarjeta, por ser morto e crucificado todos os dias.”
A ativista destacou os desafios diários enfrentados por pessoas trans, como a exclusão social, a violência, o desprezo e a falta de oportunidades no mercado de trabalho. “Ninguém, em sã consciência, optaria por sofrer o seu desprezo, por ser excluído das oportunidades de trabalho”, disse. Para ela, o Dia da Visibilidade Trans não é apenas uma data simbólica, mas um momento crucial para conscientizar a sociedade sobre a necessidade de aceitação e respeito.
Leonora também reforçou a humanidade das pessoas trans, destacando que elas são tão capazes, talentosas e complexas quanto qualquer outra pessoa. “Somos absolutamente capazes de exercer qualquer profissão. Somos pessoas talentosas, inteligentes, amorosas. Nós temos todas as qualidades e todos os defeitos de qualquer outro ser humano. São as dores e as delícias de ser apenas filhos de Deus, como qualquer outro.”
Ao final de sua fala, ela fez um apelo emocionante: “Você já abraçou uma pessoa trans hoje? Você já foi na página de uma pessoa trans hoje falar parabéns pela sua coragem? Porque a palavra que a gente tem que ter nesse mundo que não quer a nossa existência é coragem pra lutar. Até pra ser feliz, a gente precisa ter coragem.”
Leonora encerrou com uma mensagem de esperança e resistência: “Parabéns para todas as pessoas trans do mundo inteiro. E, aqui no Brasil, a gente segue lutando para que tenhamos a nossa dignidade assegurada. E nunca, em momento nenhum, a gente quis ofender o nosso Senhor Jesus Cristo. Amém?”
A fala de Leonora Áquilla não apenas esclarece o contexto da polêmica frase, mas também convida a sociedade a refletir sobre a importância da empatia, do respeito e da luta por um mundo onde todas as pessoas possam existir sem medo ou preconceito. No Dia da Visibilidade Trans, sua mensagem ecoa como um chamado à união e à compreensão.