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Ipatinga,11/10/2024

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Abrace um escritor

Lei de Fomento Urgente!!!

internet
Abrace um escritor O sonho de todo escritor

A imagem de uma pessoa
sentada em uma confortável cadeira de praia, um notebook à frente e, como
paisagem, as ondas se quebrando enquanto ela escreve a palavra "fim"
em mais um romance de sucesso, povoa o imaginário coletivo sobre a vida de um
escritor. 

Em outra cena, o escritor
anda de um lado para o outro, fuma um cigarro, toma um gole de vinho, caminha
até a janela, mira o infinito e retorna à escrivaninha, onde repousa uma
máquina de escrever com apenas uma folha em branco. Angustiado, ele busca
inspiração para sua nova obra, após ter recebido um adiantamento de mais de
cinquenta por cento por um livro que ainda não existe.

É comum, também, imaginarmos
o escritor em viagens de pesquisa, lendo, entrevistando e coletando informações
para mais uma obra de sucesso, ou sendo entrevistado por grandes veículos de
imprensa sobre o trabalho em desenvolvimento, mas sem poder dar detalhes por
questões contratuais.

No entanto, essa realidade
pertence a um seleto grupo de habitantes do Olimpo Literário, uma parcela
muito, muito pequena. Usando uma palavra mais adequada:
"pequeníssima" é parcela, que, por concentrar todos os holofotes,
parece gigantesca. Alguns irão afirmar: "Mas eles são gigantes!!! São os
melhores!!!"

Para sustentar essa afirmação,
o leitor precisaria ter lido todas as obras do mundo para, então, relativizar.
O que coloca esses autores no Olimpo, além do talento para a escrita (confesso
que nem todos o possuem), é uma rede de contatos que, geralmente, envolve uma
elite familiar detentora de recursos econômicos.

O caminho para chegar a uma
editora e firmar um contrato de licenciamento é muito mais complexo do que
simplesmente enviar o manuscrito e esperar uma resposta. Os editores não lêem
todos os manuscritos recebidos; provavelmente há uma seleção com pré-indicações
(por isso, a importância de uma rede de contatos).

Se você é escritor e
pretende se tornar autor (sim, existe uma tênue diferença entre ser escritor e
ser autor, que é a publicação efetiva), mas não nasceu em berço esplêndido, nem
possui relações próximas com grandes editores, resta apenas um caminho: tentar,
tentar e rezar, ou buscar a autopublicação.

A pesquisadora Facchini
(2024) aponta que o Clube de Autores, plataforma de autopublicação com mais de
14 anos de mercado, possui mais de 80 mil títulos publicados e mais de 60 mil
autores cadastrados. São mais de 620 editoras utilizando o modelo de venda e
distribuição em diversos marketplaces, no Brasil e na Europa, como forma de
ampliar o alcance.

O Grupo de Escritores do
Vale, que conta com 30 autores cadastrados, revela que apenas 8% possuem
contrato de licenciamento, e nenhum dos escritores vive exclusivamente de sua
produção literária. Ou seja, a realidade descrita nos primeiros parágrafos está
muito distante das terras do Vale.

Para os escritores que se
tornam autores, a realidade é custear a publicação de seus livros, arcar com a
distribuição e venda, e, no fim, ficar com exemplares encalhados em uma caixa.
Não, não é um investimento rentável. Existem algumas exceções no segmento
infantil, que também depende bastante da rede de contatos do autor.

Por isso, é crucial o
fomento através de leis de incentivo no âmbito municipal e estadual. Nos
últimos editais, o número de beneficiados nesse segmento não chegou a duas publicações
(no município de Ipatinga).

Para que os autores da região sejam valorizados e reconhecidos em seu próprio
território, estados e municípios deveriam pensar em editais específicos, tanto
para a publicação quanto para a difusão de obras já publicadas. Não basta
escrever e ler para amigos e familiares; não basta publicar e implorar para que
o círculo de amizades adquira a obra. Esse comportamento humilha o artista,
tornando-o um esmoler de afeto. Gestores públicos e conselhos municipais:
abracem seus escritores, pois as palavras deles fortalecerão a memória cultural
de sua região. Sem o abraço, continuarão a perambular de mesa em mesa pedindo:
compre o meu livro! Ainda assim caminhantes vagantes iludidos da importância de
sua arte e desprezados por quem deveriam acolhê-los.

 





























Adilson Mariano é doutor em
Ciências Empresariais e Sociais, Mestre em Gestão Integrada do Território,
Licenciado em História, Ciências Sociais, Filosofia e Artes. Dramaturgo,
Contista, Cronista e profissional das artes cênicas. Membro do Instituto
Brasileiro de  Culturas Internacionais (Inbrasci
).




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