Mãe de criança autista denuncia agressão policial em Sobrália (MG)
No dia 27 de setembro de 2024, a vítima S. P. A. de O., moradora de Sobrália (MG), compareceu à Promotoria de Justiça para relatar um grave episódio envolvendo seu filho, G. H. A. P., diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista, e uma sequência de agressões que sofreu em decorrência de uma denúncia na creche que o menino frequenta.
Segundo a vítima, no dia 23 de setembro (segunda-feira), ao buscar seu filho na creche, ela percebeu que ele tinha um pequeno hematoma abaixo do olho e apresentava arranhões. Assustada, questionou as educadoras sobre o ocorrido. Contudo, uma funcionária da limpeza teria respondido de forma evasiva, o que aumentou sua preocupação e nervosismo, resultando em uma discussão, pois a mãe da criança estava tentando entender a situação, mas não recebeu respostas.
Diante do ocorrido, S. dirigiu-se à Polícia Militar de Sobrália para denunciar o fato, sendo atendida pelos policiais B. e S. No entanto, segundo seu relato, o atendimento foi hostil, culminando em uma altercação. S. afirmou que estava nervosa e alterada, e que o policial S. gritou com ela. Em seguida, ela teria sido agredida pelo policial B. e presa. Ela relata ter sido algemada, arrastada e espancada por B. dentro do quartel.
Durante o incidente, S. pediu ajuda para garantir a segurança de seu filho. Uma amiga, J., teria levado a criança para um estabelecimento onde ela trabalha. Posteriormente, a mãe de S. e o candidato a vereador C. do P. chegaram ao quartel, mas a vítima afirma que C. estava mais preocupado com a situação da creche do que em prestar auxílio a ela.
A mãe de S. presenciou os hematomas resultantes das agressões sofridas por sua filha, que afirma ter sido brutalmente espancada. Apesar de ter solicitado atendimento médico devido ao inchaço no braço, os policiais teriam se recusado a levá-la ao posto de saúde da cidade, afirmando que somente em Governador Valadares ela poderia ser atendida por um médico. No trajeto, S. disse sentir diversas dores nos braços, e foi levada ao posto chamado CEMAP. Contudo, o médico não pôde encaminhá-la para Governador Valadares. Segundo ela, os militares não permitiram que falasse, manifestando apenas que ela havia caído durante a prisão, e foi então conduzida a Governador Valadares.
O caso foi formalmente levado ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que deverá conduzir uma investigação para apurar as responsabilidades, tanto pela agressão à criança quanto pelo episódio de violência policial.
Este incidente expõe não apenas a preocupação com a segurança das crianças nas instituições de ensino, mas também a gravidade das denúncias de abuso de autoridade por parte da polícia. A promotoria agora examinará os detalhes para garantir que os responsáveis sejam devidamente punidos.
“Eu nunca imaginei que algo assim pudesse acontecer. Quando vi as pequenas marcas no rosto do meu filho, meu coração se partiu. Ele é apenas uma criança, e já tem que lidar com tantas dificuldades por causa do autismo. Eu só queria protegê-lo. Quando fui à polícia, esperava encontrar ajuda, mas fui tratada como uma criminosa. E antes de ter apoio ou de entender o que estava acontecendo, fui algemada e arrastada pelo chão. A dor física foi terrível, mas o pior foi o medo de que algo pior pudesse acontecer ao meu filho. Eu só queria garantir a segurança dele, mas fui espancada e humilhada. Ainda sinto dores no corpo, mas a dor emocional é muito maior. Espero que a justiça seja feita, não só por mim, mas por todas as mães que lutam pelos seus filhos.”
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