Quando o som vira paisagem: Yauaretê em noite de sonoridades criativas no O`Beco.

Público diverso lotou o espaço e vivenciou uma experiência musical que uniu o jazz fusion contemporâneo com diferentes vertentes da música brasileira.

O último final de semana marcou um momento especial para a cena cultural do Vale do Aço. Na sexta-feira (3), o espaço O’Beco, no bairro Horto, foi palco de uma noite vibrante com o show da Banda Yauaretê, que apresentou um repertório cuidadosamente selecionado de grandes nomes do jazz instrumental brasileiro como: Eumir Deodato, Azymuth, Marcos Valle, dentre outros. 

O público, formado por pessoas de diferentes idades e perfis, lotou o espaço e foi unânime em reconhecer o talento, a criatividade e a entrega dos músicos. A proposta da Yauaretê que transita entre o jazz fusion brasileiro das décadas de 1970 e 1980 e elementos da música instrumental contemporânea proporcionou uma experiência sonora plural e emocionante, comprovando a força da música instrumental no Vale do Aço.

O evento integra o projeto viabilizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), prevista pela Lei nº 14.399/2022, aprovado no edital nº 06/2024 e formalizado pelo termo de fomento nº 150/2025.


Jazz brasileiro com identidade

Com a direção musical do tecladista Marcony Carvalho, a banda também é composta por Gabriel Moura (Baixo), Bruno Souza (Bateria) e Fernando Rian (Guitarra). O grupo reafirma o compromisso com a valorização da música brasileira, combinando elementos de samba, baião, maracatu e da música mineira, com arranjos criativos e interpretações cheias de personalidade.

Durante o show o público acompanhou atento, reagiu aos diálogos musicais entre os instrumentistas; alguns fechando os olhos, outros marcando o tempo com o corpo ou apenas observando em silêncio. Essa troca entre a audiência e os músicos deu o tom à noite de apresentação.

Participações especiais

A artista Liz Eulália, parceira de alguns músicos da banda em outros projetos, foi uma das convidadas especiais para essa apresentação. “A Liz é a voz mais bonita que já ouvi cantando ao vivo”, afirma Marcony, líder da banda. A cantora subiu ao palco e interpretou de forma singular a icônica música do compositor Gonzaguinha “Lindo lago do amor” e outras canções de autores brasileiros. A artista com carisma e presença marcantes, envolveu o público que dançou ao som de sua voz inconfundível. 


No meio da música “Last Summer in Rio” do grupo brasileiro Azimuth, a multiartista D´Greggo MC encantou o público ao empunhar o microfone e improvisar vocalizes junto com a banda e em seguida, trazendo rimas potentes: “Vai Maria e vem Maria nessa quebrada, trampando todo dia pra pôr comida em casa…” ainda continuou com a potência da sua voz costurando as palavras entre as harmonias: “Preta, levanta a cabeça, preta, supera, você é mais do que imagina nunca se esqueça…”. Neste momento, os artistas Fosco e Kadosh também do Básico Coletivo pediram licença para improvisarem rimas ao som da Yauaretê, trazendo o tom colaborativo e experimental que a proposta do grupo abarca.

Outro momento especial do show foi a participação do multi-instrumentista Calebe Bicalho, que contribuiu com a homenagem prestada pela Yauaretê ao incrível músico Hermeto Pascoal, que partiu recentemente. “Pra mim foi um momento muito especial do show, pois o Hermeto foi um dos maiores artistas brasileiros.” destaca o produtor cultural Alexandre Luna que estava na plateia acompanhando atento a performance da banda.  Na música “Santo Antônio”, Calebe trouxe a musicalidade nordestina, forte característica de Hermeto, por meio das notas da flauta transversal.

Na sequência, o DJ Matheus Freeza conduziu o público por uma viagem sonora carregada por influências negras e latinas, encerrando a noite em clima de celebração.

Acessibilidade e inclusão

Um dos diferenciais do evento foi o cuidado com a acessibilidade e inclusão. O show contou com intérpretes de libras, audiodescrição e de maneira inédita um espaço de regulação sensorial, ambiente projetado para acolher pessoas com autismo ou outro tipo de neurodivergência. Essa estrutura reforçou o compromisso da produção com o acesso democrático à cultura.

Realização e impacto cultural

O projeto teve realização de Marcony Carvalho, com produção de Tatiane Bispo e Shirley Maclane Produções, apoio de Rodrigo Souza (O Beco), fotografia de Igor Silva, assessoria de comunicação de Goretti Nunes, interpretação em libras e audiodescrição de Vânia Coelho e Thomas Benevenuto, sonorização e luz de Adair (Even Sound), operação de som de Dalton Palmieri e assistência técnica de Thiago Acácio.

Segundo Marcony Carvalho, o evento representa o papel transformador das políticas públicas de fomento à cultura:

“A PNAB é um instrumento de fortalecimento da produção artística nos territórios. Projetos como o Yauaretê não apenas movimentam a cena, mas também ampliam o acesso da população a uma programação democrática e diversificada.”

Com apoio da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer de Ipatinga, o projeto consolidou-se como um marco na circulação musical da região, fortalecendo o Vale do Aço como referência em cultura, inclusão e diversidade artística.

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